Arquivo de sistematização de conteúdos
Bibliografia da aula:
Leitura obrigatória:
KEEGAN, John. The First World War. New York: Vintage, 1998, pp. 3-23; (“A European tragedy”)
Leitura complementar:
HALPERIN, Sandra; “War and social revolution: World War I and the ‘Great Transformation’”; in: ANVIEVAS, Alexander (ed.). Cataclysm: The First World War and the making of Modern World Politics. Leiden, Boston: Brill, 2015, pp. 174-200.
KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Lisboa: Publicações Europa-América, 1997, pp. 299-319 (“Guerra total e equilíbrio de poder, 1914-1918”)
SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial. São Paulo: Contexto, 2013, pp. 11-16 (“Introdução”)
Contribuições do docente ao tema:
ZAGNI, Rodrigo Medina; “A tempestade andina: a Revolução Russa de 1917 e o pensamento de José Carlos Mariátegui”; in: COGGIOLA, Osvaldo; ZAGNI, Rodrigo Medina (Org.). Revolução Russa: uma jovem de 90 anos (1917-2007) - Coletânea de textos do Seminário de debates "90 anos da Revolução Russa” (1917-2007). São Paulo: FFLCH/USP, 2009.
ZAGNI, Rodrigo Medina; “A aurora de uma era da catástrofe: os significados históricos do depoimento de Arnold Toynbee sobre as atrocidades turcas na Armênia”; Revista Brasileira de Estudos Estratégicos. Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense. ISSN: 1984-5642. Ed. nº 5 - Vol. I Rio de Janeiro, Luzes – Comunicação, Arte & Cultura, 2015, pp. 183-220. Qualis B-3.
"Cavalos, as vítimas esquecidas da I Guerra Mundial" (entrevista), Revista "Veja, Fevereiro de 2014.
Materiais complementares:
Vídeos:
Documentário: “Primeira Guerra Mundial: o fim de uma era”, dir.: Don Horan, EUA, 1997.
Série: “Battlefield: os segredos da Primeira Guerra”, National Geographic, França, 2014.
Episódio 1 – “Fúria”
Episódio 2 – “Medo” – Link: https://www.youtube.com/watch?v=hdYh8IyshkM
Episódio 3 – “Inferno”
Episódio 4 – “Ira”
Episódio 5 – “Libertação”
Debate: “Primeira Guerra Mundial”, Felipe Loureiro (USP) e João Roberto Martins (UFSCar), UNIVESP TV, 2014.
Parte 1
Parte 2
Proposta de atividade:
Após estudo de todos os materiais alusivos a esta aula (vídeo-aula, bibliografia básica e complementar, materiais complementares etc.), proceda a seguinte atividade:
1º - Com a finalidade de conhecer o conceito de “genocídio” e a disputa teórica que se estabeleceu para a sua cunhagem, leia atentamente o seguinte texto:
ZAGNI, Rodrigo Medina; LOUREIRO, Heitor de Andrade Carvalho; Artífices de conceitos: a invenção do conceito de genocídio e sua aplicação aos estudos históricos”; Revista Fórum de Ciências Criminais – RFCC. ISSN: 2319-0795; eISSN: 2448-055X. Belo Horizonte, ano 6, n. 12, p. 149-176, jul./dez. 2019.
O texto está disponível aqui.
2º - Com a finalidade de conhecer os documentos e o debate historiográfico sobre as fontes de Genocídio Armênio, leia atentamente o seguinte texto:
ZAGNI, Rodrigo Medina; “A aurora de uma era da catástrofe: os significados históricos do depoimento de Arnold Toynbee sobre as atrocidades turcas na Armênia”; Revista Brasileira de Estudos Estratégicos. Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense. ISSN: 1984-5642. Ed. nº 5 - Vol. I. Rio de Janeiro, Luzes – Comunicação, Arte & Cultura, 2015, pp. 183-220.
O texto está disponível aqui.
3º - Agora escolha um dos seguintes trechos dos documentos alusivos ao genocídio de armênios, perpetrado pelo Império Otomano, em grande parte, no decurso da Grande Guerra:
Excerto 1 – Depoimento colhido pela Comissão Americana de Inquérito sobre as Atrocidades Armênias:
“Na aldeia das montanhas de Geben (...) as mulheres estavam lavando roupas molhadas na água e puseram-se a caminho descalças e meio nuas, tal qual como se achavam. Em alguns casos, foi-lhes possível levar parte dos seus poucos utensílios domésticos ou alfaias agrícolas, mas na maioria não lhes era dado transportar ou vender coisa alguma, ainda quando tivessem tempo para o fazer.”
Excerto 2 – Depoimento colhido pela Comissão Americana de Inquérito sobre as Atrocidades Armênias:
“... a poucas horas de distância da cidade, a caravana viu-se cercada por bandos de uma tribo de salteadores e uma malta de camponeses turcos armados de espingardas, machados e cassetetes. (...) Depois de tirarem tudo desta pobre gente, inclusive a própria comida, começou o morticínio dos varões, incluindo dois padres, um dos quais tinha noventa anos de idade. Dali a seis ou sete dias foram assassinados todos os varões acima de 15 anos. Foi o começo do fim: gente montada erguia os véus das mulheres e levava as que fossem bonitas.”
Excerto 3 – Depoimento colhido pela Comissão Americana de Inquérito sobre as Atrocidades Armênias:
“Muitas das mulheres e raparigas foram levadas para as montanhas, entre elas a minha irmã, cujo filho de um ano, eles o abandonaram em um sítio qualquer. Um turco o apanhou, levando-o não se sabe para onde. Minha mãe foi andando até não poder mais e caiu à beira do caminho na montanha. Encontramos pela estrada adiante muitos que fizeram parte dos grupos anteriores e vimos os cadáveres das mulheres ao lado dos maridos e filhos. Encontramos também alguns velhos e crianças ainda vivos, mas em estado lastimoso já sem poder gritar.”
Excerto 4 – Depoimento colhido pela Comissão Americana de Inquérito sobre as Atrocidades Armênias:
“Pelo caminho encontrávamos constantemente homens e mancebos assassinados, cobertos de sangue. Viam-se também mulheres e raparigas mortas junto dos maridos ou filhos. Nos altos das montanhas e nas profundezas dos vales encontravam-se bastantes velhos e crianças estendidos pelo chão.”
Excerto 5 – Depoimento colhido pela Comissão Americana de Inquérito sobre as Atrocidades Armênias:
“... Caminhavam pelas estradas sem mudar de roupa, sem meios de se lavar, sem abrigo e com pouco o que comer. O governo tem-lhes dado aqui umas magras rações. Estive os observando uma vez em que lhes estavam trazendo comida. Animais silvestres não poderiam ser piores. Atiravam-se aos guardas que a traziam, e esses repeliam-nos à paulada, batendo a valer, a ponto de chegar a matar. (...) Quando se passa por este acampamento, as mães oferecem os filhos, implorando para que os levem. Efetivamente os turcos têm escolhido estas crianças e raparigas para escravos ou coisa pior. Têm mandado os seus médicos para examinar as raparigas, para ficarem com as melhores.”
Excerto 6 – Depoimento colhido pelo Foreign Office britânico:
“Os corpos mutilados de mulheres, raparigas e criancinhas faziam estremecer de horror a todos. Os bandidos estavam cometendo toda espécie de terríveis atos sobre as mulheres e raparigas que se achavam conosco e cujos brados chegavam ao céu. No Eufrates, os bandidos e gendarmes lançaram no rio todas as restantes crianças com menos de 15 anos. As que sabiam nadar eram mortas a tiro enquanto se debatiam na água.”
Excerto 7 – Depoimento colhido pela Comissão Americana de Inquérito sobre as Atrocidades Armênias:
“Mulheres com criancinhas ao peito ou nos últimos dias de gravidez eram obrigadas a caminhar à força de chicotada, como gado. (...) Algumas das mulheres ficavam tão cansadas e incapazes de qualquer ação que deixavam cair as crianças à beira da estrada.”
Excerto 8 – Depoimento colhido pela Comissão Americana de Inquérito sobre as Atrocidades Armênias:
“As raparigas de mais idade e mais bem aparentadas foram guardadas em casas para o prazer dos componentes do bando, que dirigem as coisas por aqui. Consta-me de boa fonte que um membro do Comitê União e Progresso tem dez das mais formosas raparigas em uma casa na parte central da cidade, para seu uso e de seus amigos.”
Excerto 9 – Depoimento colhido pela Comissão Americana de Inquérito sobre as Atrocidades Armênias:
“Quarenta e cinco homens e mulheres foram levados a um vale à curta distância da aldeia. Primeiro, as mulheres foram vítimas dos instintos libidinosos da oficialidade da gendarmaria e, depois, entregues aos gendarmes para disporem delas. Segundo uma testemunha, mataram uma criança batendo-lhe com a cabeça contra uma pedra. Os homens foram todos assassinados e não ficou viva uma única pessoa deste grupo de 45.”
Excerto 10 – Depoimento colhido pela Comissão Americana de Inquérito sobre as Atrocidades Armênias:
“Em Eski Shehir, há uns 12 mil a 15 mil exilados no campo em torno da estação, evidentemente padecendo de grande necessidade e miséria. A maioria deles está sem abrigo; e o abrigo que há consiste em tendas de materiais dos mais frágeis, improvisadas com alguns poucos paus, cobertos com tapetes ou capachos em raros casos, mas muitas vezes só com pano de algodão, que não serve absolutamente de proteção alguma contra as chuvas torrenciais do outono, prestes a chegar (...). Também não há disposição alguma para alimentá-los. Parece que pouco ou nada têm de mantimentos, e calcula-se em trinta a quarenta o número de óbitos que se estão dando por dia.”
Excerto 11 – Correspondência colhida pela Comissão Americana de Inquérito sobre as Atrocidades Armênias:
“O chicote e o cacete não descansam nas mãos da polícia, que os aplica tanto às mulheres como às crianças. (...) Na estação, algumas pessoas estavam procurando ajudar uma mulher que tinha a coxa fraturada, para conseguir leva-la ao hospital; mas o comissário da polícia aproximou-se e mandou-a novamente arrastar-se para o vagão.”
Excerto 12 – Depoimento publicado pelo jornal Sonnenaufgang, vinculado à Liga Alemã Auxiliadora dos trabalhos de caridade cristã no Oriente:
“Porque não nos matam logo de uma vez?”, perguntavam eles. “Há dias que estamos sem água para beber e nossos filhos estão chorando por água. De noite somos atacados pelos árabes, que nos roubam as roupas da cama e as roupas de uso que podemos juntar, levam as nossas raparigas à força e ultrajam as nossas mulheres. (...) Várias mulheres nossas atiraram-se das rochas para o Eufrates para salvarem sua honra; algumas com as suas crianças ao colo.”
4º - Proceda então uma sucinta análise do excerto escolhido com o seguinte sentido: demonstrar como o processo de decomposição dos impérios formais, frente aos movimentos nacionalistas, culminou no catástrofe de coletividades o povo armênio, no decurso da Grande Guerra.
5º - Leia a postagem elaborada pelo estudante imediatamente anterior e estabelece alguma relação entre a sua análise e a dele.
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“A história me precede e se antecipa à minha reflexão. Pertenço à história antes de pertencer a mim mesmo”.
RICOEUR, Paul. Interpretação e ideologias. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora S.A., 1977, p. 39.